7. A IMACULADA CONCEIÇÃO: OSTENSÓRIO VIVO DE JESUS







“Deus se serve de instrumentos fracos e frágeis para
executar grandes coisas. E' preciso ser chamado a uma
            missão providencial, e então os talentos e os defeitos            desaparecem para dar lugar à inspiração que os guia".
                                            
                                      Frederico Ozanam
     
                                (Carta a DE LA NOUE, de
                                 24 de Novembro de 1835).


A Imaculada Conceição: Ostensório Vivo de Jesus







O cristianismo se nos apresenta como uma pessoa, em cuja intimidade a Igreja nos faz entrar... Sabemos de antemão que nela encontraremos Cristo Jesus e a Virgem Santíssima, e mais, que Esta maternalmente nos leva Àquele como centro da nossa vida atual e futura, na glória do Sumo Bem!

Nossa Senhora em qualquer fase da sua existência magnífica, e a todo momento é sempre um ostensório, onde Nosso Senhor vive, na excelência de cada instante revelando aos nossos olhos Sua grandeza, como Filho de Deus, e Sua humildade como filho de pobre mulher, pelas suas virtudes desconhecida para muitos, mas engrandecida pela Imaculada Conceição, prerrogativa excelsa com que a Providência A doou.

"Quando não conhecemos o valor da pessoa, o mito se impõe como a personificação dinâmica dos fins que ultrapassam o indivíduo, como ponderou Zundel, havendo aí um começo ele altruísmo que importa respeitar.

Quando, entretanto, há um absoluto, a que conduz toda escala de valores, é descabido buscar no homem qualquer coisa fora da vida, que gravita em torno dele.

Se o Bem Supremo reside em nós, como objetivo de uma assimilação invisível, conforme a natureza do nosso pensamento, as atividades humanas encontram em nossa vida interior sua unidade, sua consciência.

Convém não esquecer, ensina o Doutor Angélico, que se muitos Santos tiveram a quantidade de graça para santificar sua alma, a superabundância dessas a Virgem Santíssima possuiu e deixou passar da alma para a carne, e de tal modo concebeu o Filho de Deus.

a Filho do Altíssimo não podia nascer nem do sangue, nem da carne nem da vontade, mas de profunda afluência da graça, como aconteceu na alma da   
Bem aventurada, e capaz de prodigalizar a quem teve a capacidade de fazer também filhos de Deus quantos o recebessem. 

O papel da mulher - conforme as leis que regiam Roma e Atenas, era menor, contando-se como membro acessório do seu esposo: pelo casamento ela entrava em outra família, mas sempre tendo o homem a primazia como chefe.

A mulher se revelou plenamente com a maternidade de Maria, vindo o homem que nasce do Espírito: e o amor de Deus ardia no coração da Virgem de maneira singular, como disse o Doutor Seráfico. E daí em diante mudou o lugar da mulher, que podemos dizer passou então a ser em Deus.

A subordinação funcional - que ainda existe sob a autoridade do pai, em família bem organizada - não infirma a autonomia da esposa e da mãe, o que Deus consagrou pedindo a Maria seu consentimento para o Mistério da Incarnação! Não mais é permitido ignorar que a mulher, com infinita dignidade, tem um destino individual e pertence à ordem eterna da qual o mundo visível é apenas um símbolo.

São Tomás, com as seguintes e expressivas palavras, com seu prestígio doutoral, disse: "o Mistério da Encarnação não se teria realizado se Deus - sem sair do estado no qual se acha eternamente - não se houvesse unido de modo novo à sua criatura: Ele uniu de outra forma a criatura ao seu Criador!"

Nosso Senhor é o Sacramento por excelência, a Eucaristia nos concede esta realidade substancial, dando à Igreja militante o sacramento dos sacramentos que é seu Chefe. A noção de Sacramento é a chave da teologia católica, e esta Realidade Divina nos transmite a irradiação da Santa Humanidade de Cristo e a pura luz da Sua excelsa pessoa, com as quais baixou do céu para a nossa eterna salvação.

Nossa Senhora que, anteriormente a esse acontecimento, já era total de Deus, embora ignorando a que plenitude seria conduzida, conforme a palavra do Salmo "ego dilecto meo"; Ela se ofereceu sem jamais supor, todavia, a aparição do Anjo, cujo "AVE" tanto a perturbou. Seria o Santuário dessa sagração, seria o começo de uma bela missão, seria a Luz de Cristo, vinda da Santa Face do seu adorado Filho agonizando na Cruz.

Maria nos concede Jesus, nos faz viver em Jesus, nos obtém todas as graças do seu e Nosso Senhor.

Sua influência nos fez conservar, na inteligência, o Mestre Supremo, nos faz sentir, na alma, a imensa magnanimidade, e abraçar, no coração, o seu amor da criatura que veio remir com o seu sofrimento até o seu Calvário.

A sua ação Cristocêntrica, como todo o seu ser faz refletir em nossos atos e resplender em nossa vida o Divino Redentor, suscitando em nossa personalidade a virtude, e nesta a perfeição, o que nos leva a, por seu intermédio, ver sempre na Imaculada Conceição um ostensório vivo de Jesus a abençoar seus filhos de maior predileção.

Terminando, registremos como nosso inesquecível Fundador fez brilhar sua devoção à Imaculada, colocando, sob seu manto protetor, as Conferências Vicentinas, e celebrando, entre as quatro grandes datas da Sociedade, o dia 8 de Dezembro - Festa da Conceição - dogma definido pela Igreja, em 1854, um ano após sua morte.

Na derradeira Festa da Assunção de sua vida, Ozanam disse, quando lhe faltou o carro para o levar à Igreja: "Quero que meu último passeio neste mundo, seja para visitar meu Deus e Sua Mãe."

A 8 de Setembro de 1853, no natalício de Nossa Senhora, Esta o chamou para a glória eterna do Onipotente Senhor!

E, neste alegre dia do Congresso da Padroeira do Brasil e neste festivo aniversário da Padroeira da nossa querida Sociedade Vicentina, juntos, peçamos seu abrasado amor no trabalho de salvação das almas, conforme Cristo nos   ensinou! 
                                         
                                                                  Cfd. Carlos Américo Barbosa de Oliveira
                                                Presidente do Conselho Superior do Brasil



Artigo publicado na Circular Periódica do Conselho Metropolitano de São Paulo, por ocasião do 1º CENTENÁRIO DA PROCLAMAÇÃO DO DOGMA DA IMACULADA CONCEIÇÃO!
1854 - 1954


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