11. HUMILDADE








                                                                                              "As Conferências não se mostram,
                                                                                              deixam-se ver."
                                                                                                                            F. Ozanam

         Quando pensamos nas causas que preservam a Sociedade de São Vicente de Paulo do desfavor dos fiéis e da constância dos seus próprios elementos; quando pesquisamos as razões do seu progresso, que acontecimentos exteriores e desconfianças dos governos podem diminuir, mas não conseguem deter, somos levados a reconhecer que a salvação, e por quê não dizer?, o sucesso, provém da humildade, do cuidado que temos sempre mantido em não procurar felicitações e nem louvores, e em apagar-nos o mais possível, para atribuir a Deus todo o mérito dos pequenos benefícios que prestamos. Foi necessário firmeza, algumas vezes, para resistir a certos PENDORES e a essa corrente tão forte que leva os homens de nossa época a buscar apoio na publicidade da imprensa sensacionalista. 

     Essa humildade tão bem praticada pelos fundadores e pelos primeiros confrades, continuamos a observá-la com a mesma fidelidade? Não tem havido uma tendência a dela nos libertarmos? Aqui, é um certo confrade que, por não estar inteiramente compenetrado das nossas tradições e, lembrando-se dos usos modernos, faz inscrever nos seus cartões de visita o cargo que ocupa em nosso meio. Além disso, se nos aconselha a que, por meio do nosso Boletim, alguns agraciados com certa condecoração, e outros distinguidos com títulos nobiliárquicos XXXX, fato que, desde já , nos leva a pedir a todos os confrades, doravante, nos poupem o desgosto de ter de responder-lhes a tais insinuações, com respostas negativas. De outras vezes são os próprios relatórios que, complacentemente, se estendem sobre outros assuntos mais ou menos parecidos. Certamente nós nos alegramos ao saber que o Sumo Pontífice ou os governos reconheceram o mérito de confrades nossos, mas o que não podemos admitir é que o nosso Boletim ou nossos Relatórios, destinados serem os anais da caridade, sejam empregados assim, na satisfação do nosso amor-próprio. 

                                                      (Alocução de Pagés¹, aos 28/4/1895). 

(¹) Confrade Antônio Pagès, presidente do Conselho Geral de Paris no período de 1886 a 1903).

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