3. OS FUNDAMENTOS DA ESPIRITUALIDADE VICENTINA
Os Fundamentos da
Espiritualidade Vicentina
O conhecimento dos fundamentos da espiritualidade vicentina, baseados no carisma de São Vicente de Paulo e de Frederico Ozanam, é de grande importância para o nosso trabalho de serviço e de evangelização dos Pobres.
A fonte dessa espiritualidade nos inspira, segundo São Vicente de Paulo a:
1.Organizar o serviço aos Pobres através da Caridade como:
a) Ação assistencial que é cuidar das emergências existentes no meio dos Pobres e socorrê-los sem qualquer burocracia, dando a eles o que precisam de imediato. A Caridade como assistência não pode ser confundida com beneficência ou paternalismo. Frente às necessidades se faz necessário organizar uma imensa rede de ajuda aos Pobres.
b) Ação promocional que é buscar meios para que os Pobres, de maneira individual ou coletivamente, tomem consciência de sua situação, de sua dignidade, de seus direitos, ou seja, que eles se tornem agentes de seu próprio desenvolvimento integral, protagonistas de suas vidas.
c) Ação libertadora que é a caridade praticada através da denúncia profética das injustiças e como agente de mudança social. Para todos os cristãos e cristãs, não basta apenas ser justo, mas também é preciso ter o compromisso de lutar pela justiça como expressão viva da caridade.
2. Ver no Pobre a imagem do próprio Deus. O Pobre é o sacramento de Deus. "Todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmão, foi a mim que o fizestes" (Mt 25,40). Para são vicente de Paulo não existe separação entre o Cristo e o Pobre. Os Pobres são nossos Mestres e Senhores. "Se por um lado vemos o Pobre como pessoa grosseira, virai a medalha, e vereis pelos olhos da fé que o Filho de Deus, que quis ser Pobre, nos é representado por este Pobre". E São Vicente de Paulo complementava: "Ao servir os Pobres estamos fazendo justiça e não caridade".
3.Ter sempre presentes, como meios práticos e espirituais, as cinco virtudes especiais, missionárias, tiradas do próprio testemunho de Jesus. Elas são um caminho de santidade. Nos ensinam a enchermo-nos do amor de Deus.
a) Simplicidade: "Consiste em fazer todas as coisas por amor a Deus e ter por fim único, em todas as coisas, a sua glória".
b) Humildade: É a aniquilação pessoal a fim de que apenas Deus reine no coração humano; é renúncia à honra, à glória, é evitar toda vaidade. É esvaziar-se de si mesmo, eliminando o orgulho e a falsidade, eliminando todo sentimento e atitude de auto- suficiência e prepotência.
c)Mansidão: Controlar todo sentimento de cólera, ter grande afabilidade, cordialidade e serenidade no tratamento com os outros, sobretudo com os Pobres. Na missão, a mansidão é indispensável para enfrentar as dificuldades e tratar bem os Pobres.
d) Mortificação: É a capacidade de tomar a cruz e seguir a Cristo, é o senso de sacrifício, de privação e de renúncia por causa do Reino de Deus e do Evangelho. É a capacidade de ser generoso a ponto de aceitar o sofrimento e perseguição por Cristo.
e) Zelo: "Um puro desejo de tornar-se agradável a Deus e útil ao próximo". Zelo para ser testemunhas de Deus, zelo para trabalhar na construção do Reino de Deus fazendo o próximo feliz e santo.
A fonte dessa espiritualidade nos inspira, segundo Frederico Ozanam a:
1.A submissão à vontade de Deus e a confiança na Providência Divina; Dizia Ozanam: que "os maiores homens e mulheres são aqueles que nunca avançaram o plano do destino, mas que se deixaram conduzir pela mão da Providência Divina".
2.O cumprimento dos deveres, feitos com determinação e responsabilidade; "Há uma responsabilidade vinculada aos nossos encargos, por mais modestos que sejam: as faltas que se cometem são duplamente graves quando elas podem recair sobre as obras que dirigimos. Os dirigentes das obras assistenciais deveriam ser santos para atraírem sobre elas as graças de Deus".
3.A prática das virtudes teologais (fé, esperança e caridade), a ação ética, o desapego aos bens materiais e a humildade; "Somos servos inúteis, mas somos servos, e o salário não é dado senão à condição do trabalho que fazemos na vinha do Senhor e no lugar que nos for designado".
4. A vivência radical da espiritual idade cristã através do amor aos Pobres; "Pobres: Vocês são nossos senhores e nós sempre seremos vossos servidores. Não sabemos amar a Deus de outra maneira; amamos a Deus nas vossas pessoas".
5.A devoção de Ozanam a Maria, Mãe de Jesus. Um ano depois do início das Conferências de Caridade, Ozanam escolhe a Festa da Imaculada Conceição como uma das quatro festas regulamentares.
Baseada nesses pontos, a Sociedade de São Vicente de Paulo possui também seu espírito de vida que, sem o qual, ela fica desqualificada. É a opção de amar a Deus de forma incondicional através da prática da caridade, do serviço ao próximo.
Ela é chamada a:
1.Testemunhar a Cristo e a Igreja, mostrando que a fé dos cristãos e cristãs os inspira a trabalhar de forma concreta pelo bem da humanidade;
2. Reunir pessoas, pelo exemplo e pela amizade, para que possam se aproximar de Deus, seguir os caminhos de Jesus Cristo e impulsioná-los a viverem a lei fundamental do Reino, ou seja, o amor a Deus na pessoa dos Pobres;
3.Para proporcionar, pela visita aos Pobres, um contato pessoal de seus participantes com aqueles que sofrem, a fim de ajudá-los, o quanto possível, em aliviar seus sofrimentos. Portanto, a visita é a grande e principal obra das Conferências de Caridade. Ela é como que, uma das condições da existência da Sociedade de São Vicente de Paulo. É a que mais convém aosseus membros e às suas necessidades. Sem a visita aos Pobres as Conferências da Sociedade de São Vicente de Paulo não sobrevivem, definham-se e morrem. "Não podemos contentar-nos com palavras; é indispensável que estas se traduzam em ação. Amemos a Deus, meus irmãos, amemos a Deus, mas que seja com a força de nossos braços e o suor de nossas frontes". (São Vicente de Paulo.
Pe. Mízaél Donízettí Poggíolí, CM
Assessor Espiritual do CM SP
Assessor Espiritual do CM SP
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