3. INTERESSE PELO POBRE
INTERESSE PELO POBRE
Para São Vicente, a Igreja de Cristo é a Igreja dos Pobres. Jesus dirigiu-se primeiramente aos Pobres; a estes pertencem a Igreja e o Evangelho. Os ricos entram para a Igreja de Cristo por favor dos Pobres, conforme diz S. Lucas. Também S. Paulo afirma (Carta aos Filipenses), que Cristo se fez homem para nos resgatar e com sua pobreza nos enriqueceu. Logo, devemo-nos fazer Pobres para nos doarmos a Deus, doando-nos aos Pobres. Este é o compromisso de todos os membros da Família Vicentina.
Mas, quem é o Pobre? É todo aquele que possui uma carência. Material ou espiritual. Não há quem não possui alguma carência, pois, somos todos imperfeitos.
Deus, em sua bondade, concedeu à nós vicentinos, o espírito de caridade, (vocação), com o qual mostramos interesse pelo Pobre.
O espírito de caridade não significa apenas ajudar um Pobre ou uma instituição ou, ainda, condoer-se diante da sorte de uma criança abandonada, um mendigo na sarjeta e tantos outros marginalizados que causam dó e compaixão. O espírito de caridade é algo que vai muito além da objetividade material, que procura minimizar o sofrimento pela doação de alimentos e remédios.
Quem compra um carro quando já possui mais dois mofando na garagem, porque tem muito dinheiro, não tem espírito de caridade.
Quem possui o seu guarda-roupa entupido de roupas e calçados e ainda compra mais roupas só porque é de grife ou traz o autógrafo de um costureiro famoso, não tem espírito de caridade.
Quem gasta dinheiro a rodo em viagens turísticas, jogatinas em cassinos, bingos, loterias, etc. porque não tem onde por o dinheiro, também não tem o espírito de caridade. Na verdade, todos os que procedem dessas e de variadas formas estão lesando o pobre.
Senão vejamos: num país pobre como o nosso, onde há só duas classes: a dos milionários e a dos miseráveis, o desperdício por puro esnobismo, é crime contra a justiça social, contra a dignidade dos pobres. O que se faz, indiretamente, é usurpar o que é do Pobre.
Quem é rico, poderoso ou famoso, não o conseguiu só à custa do seu próprio esforço, mas, também, da colaboração da coletividade.
Toda e qualquer pessoa que alcançou posição social, fama ou popularidade, tem uma dívida com a sociedade, essa sociedade que o aplaude, glorifica, mas, também, lhe pede um pequeno juro do capital que lhe proporcionou. Esse juro não é só dar donativos ou fazer campanhas assistenciais. É não afrontar a miséria do Pobre.
Essa afronta existe quando se permite que a imprensa, o rádio e a TV fazem alarde do que ele gastou na compra de automóveis e mansões de alto luxo. Isto humilha e faz sofrer o verdadeiro Pobre, aquele que, para viver, precisa enfrentar as filas das instituições sociais ou a ganância de patrões inescrupulosos, e, ainda, bater nas portas das Igrejas em busca de uma cesta básica que lhe minore a fome.
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