10. O MAR




O  MAR


As vidas eficazes nem sempre são as que mais chamam a atenção. Não é nunca a vida do orgulhoso que se encarniça contra os obstáculos sem poder vencê-los. Mas as vidas humildes sob o olhar de deus, iluminadas por Sua graça e irradiantes para os outros, estas sim, são sempre eficazes.

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A Caridade é longânime é serviçal. Não é invejosa. Não se vangloria nem se pavoneia. Não faz nada de desonesto, não busca o próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor do mal. Não se alegra com a injustiça mas com o triunfo da verdade. Perdoa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo. (Primeira carta do apóstolo Paulo aos cristãos de Corinto:  13, 1-7).

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Eu vi, Senhor, o mar sombrio e furioso, investir contra os rochedos.

De longe as vagas tomavam impulso, orgulhosas, de pé, saltavam, atropelavam-se umas às outras, para tomarem a frente e serem as primeiras a bater.

Quando se desmanchava a espuma branca, deixando intacta a rocha, tinham partido as vagas, correndo para de novo se lançar.

Vi, outro dia, o mar calmo e sereno.

Vinham de muito longe as ondas de bruços rastejando, para não chamar a atenção.

Dando-se as mãos, ajuizadas, deslizavam sem ruído e se espraiavam à vontade na areia, para tocar a orla, com a ponta de seus bonitos dedos de espuma.



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Faze, Senhor, que eu evite as pancadas sem rumo que cansam e magoam, e não atingem o inimigo.
Afasta de mim estas cóleras espetaculares que chamam a atenção mas deixam inutilmente enfraquecido.
Não permitas que orgulhosamente eu queria sempre preterir os outros, esmagando, ao passar, os que vão à frente.
Apaga de meu rosto o ar sombrio das borrascas vencedoras.
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Ao contrário, Senhor, faze que calmamente eu preencha meus dias, tal como o mar lentamente recobre toda a praia.
Faze-me humilde como o mar quando silencioso e ameno avança sem se fazer notar.
Dá-me a graça de esperar meus irmãos, medir meu passo pelo deles, para com eles subir.
Concede-me a perseverança triunfante das ondas. Faze que cada um de meus recuos seja ocasião de subida.
Dá a meu rosto a claridade das águas límpidas à minha alma a brancura da espuma;
Ilumina minha vida, como os raios de Teu Sol fazem cantar o espelho das águas,
Mas sobretudo, Senhor, faze que eu não guarde para mim esta Luz e que todos os que de mim se aproximem voltem à casa ávidos de se banharem na Tua Graça eterna.

                                                                                       Michel Quoist 


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